Envelhecer: o tempo como testemunha do amor e da vida

Envelhecer: o tempo como testemunha do amor e da vida

Envelhecer é acordar um dia e notar que o espelho já não reflete apenas uma imagem: ele mostra histórias. Cada ruga carrega uma gargalhada intensa, uma noite mal dormida com um filho doente, um amor que se foi ou um verão que ficou para sempre na memória. O tempo desenha no corpo aquilo que o coração viveu. E, embora muitas vezes doa, é uma dor bonita – a dor de quem teve tempo para existir.


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As mãos que já fizeram de tudo

As mãos que agora tremem já foram firmes. Já levantaram crianças no colo, prepararam o almoço preferido de alguém, limparam lágrimas e escreveram cartas apaixonadas. Já plantaram, costuraram, trabalharam duro. São mãos que viveram. E, mesmo que hoje sejam lentas, carregam uma força que o tempo não apaga. É preciso honrá-las – não com pena, mas com reverência.


O corpo que vai parando

O corpo desacelera. Os passos ficam mais curtos, os joelhos doem, a memória falha. Mas isso não significa que se perdeu o valor. Envelhecer não é tornar-se invisível – é apenas mudar o ritmo. Enquanto o mundo corre, quem envelhece aprende a ver os detalhes: a flor que nasceu no quintal, o vento que passou leve, o cheiro do café na tarde. O corpo pode fraquejar, mas a alma – ah, a alma floresce em silêncio.


A solidão quechega sem avisar

Envelhecer pode ser um território de silêncios. Os amigos partem, os filhos seguem suas vidas, a casa fica grande demais. A televisão vira companhia, e o telefone que não toca pesa mais que qualquer doença. É nesse ponto que o mundo precisa ser mais gentil. Um “bom dia”, uma visita sem pressa, um abraço sincero... tudo isso pode devolver cor a um dia cinza. Envelhecer não precisa ser solitário – precisa, sim, ser mais humano.


O medo do fim

Envelhecer também é enfrentar o medo do fim. E tudo bem. Ninguém está pronto para partir – porque sempre haverá algo a amar, alguém a esperar, alguma primavera ainda por vir. Mas o fim perde parte de seu peso quando se olha para trás e se vê um caminho cheio de marcas profundas. Viver com verdade, amar com coragem e perdoar com leveza transformam o fim em passagem – não em ponto final. 


A sabedoria do simples

Com o passar dos anos, a vida ensina que menos é mais. Que o luxo está num café tomado devagar, numa conversa sem distração, num bolo feito para alguém querido. Envelhecer é entender que aquilo que parecia essencial, na verdade, era só barulho. É encontrar prazer no silêncio e paz na rotina. É ser grato pelo que se tem e parar de lutar pelo que nunca foi necessário.


A beleza de ser eterno em alguém 
Envelhecer é deixar sementes – nas palavras que dissemos, nas histórias que contamos, nos filhos, netos, amigos, vizinhos. É entender que, mesmo quando o corpo se vai, algo de nós permanece. Um conselho repetido, um perfume na lembrança, uma risada herdada. Somos eternos em quem nos amou. E isso é a parte mais bonita de envelhecer: descobrir que viver bem é, no fundo, nunca ir embora de verdade.

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Juliane Korb

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